quinta-feira, 14 de junho de 2012

MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO



Para compreendermos melhor a relação entre o homem e o meio ambiente na atualidade é de suma importância um olhar para o passado especialmente para a Europa à época do Iluminismo (século XVIII), pois grande parte do mundo atual é uma herança desta cultura ocidental.
Fora neste período que se fortaleceu a dicotomia Homem X Natureza, o fruto de uma ideologia que pregava a razão acima da emoção, tornando a natureza apenas um objeto a ser utilizado pelo homem. É através desta dicotomia que o homem deixa de se perceber como uma parte integrante de um todo chamado meio ambiente. Assim, inicia-se um processo de grande exploração da natureza em uma lógica, ou ilógica, de extração, produção e comercialização acima da capacidade de reposição da mesma.
No bojo do capitalismo estão as práticas predatórias na natureza que se intensificaram cada vez mais. Durante a primeira fase do capitalismo (Comercial ou Mercantilista) alguns recursos naturais funcionavam como moeda de troca, o que Marx chamou de acumulação primitiva de capital. Na segunda fase do capitalismo (Industrial ou Concorrencial) que se inicia através da revolução industrial, a ação predatória do homem no meio se intensifica, pois, agora os recursos naturais deveriam ser explorados para ser utilizados no processo produtivo ou pela forma de matéria prima que iria ser transformada em uma mercadoria, ou ainda, pela utilidade energética que advinha de alguns recursos energéticos como os combustíveis fósseis. Ainda no capitalismo industrial, se inicia a queima de combustíveis fósseis para serem utilizados como fontes de energia no processo produtivo e pela sociedade urbano-industrial, desta forma, potencializa-se a ação antrópica que irá provocar a poluição atmosférica e todos os danos por ela provocados. Já na terceira e última fase do capitalismo (Financeiro ou Monopolista) a exploração dos recursos naturais são potencializados, especialmente com a criação da sociedade de consumo. Durante esta fase o que tem se formado são grandes conglomerados e corporações que se preocupam cada vez menos com o meio ambiente, ou ainda, quando há esta preocupação nos locais onde ele iniciou sua produção (geralmente os países desenvolvidos) elas mudam os processos produtivos para lugares onde não haverá preocupações ou intromissões em seus devaneios.
Esse abuso em relação aos recursos naturais tornou-se mais evidente no final dos anos de 1960. Inicialmente, em maio de 1968, as manifestações e protestos na Europa e nos EUA constituem um dos marcos principais do aparecimento de novas formas de mobilização e de organização coletivas. Tais mobilizações representam as principais mudanças teóricas e metodológicas que balizaram as investigações sobre as mobilizações ambientalistas e as condições intelectuais e institucionais de formação e de exercício das ciências sociais. Ainda em 1968 constituiu-se o Clube de Roma, composto por cientistas, industriais e políticos que tinha como objetivo discutir e analisar os limites do crescimento econômico levando em conta o uso crescente dos recursos naturais.
Outro ponto de análise relevante ocorreu em 1969 com o pouso do homem na Lua, especialmente com a foto da Terra vista da Lua. Esta imagem que percorreu grande parte do mundo ocidental transpareceu a crise ambiental dando continuidade a um processo de conscientização do homem em relação ao meio em que ele vive, pois esta percepção da realidade ambiental evidenciava que a Terra era um planeta finito e que não suportaria mais muitos anos de uma lógica de crescimento econômico insustentável.
Nos anos 1960, com a transparência da crise ambiental, iniciam-se as discussões no âmbito universitário a respeito da questão ambiental. Entretanto, estes debates só ganham corpo na sociedade a partir da década de 1970 e com a 1ª Conferência Mundial Sobre o Meio Ambiente, realizada em Estocolmo em 1972 na Suécia. Foi durante esta década que também este tema ganha o cenário político através da formação dos Partidos Verdes (P.V.), inicialmente na Europa, e trazendo para as sociedades muito mais que discussões teóricas, mas práticas que buscam o desenvolvimento econômico sustentável.
Já na década de 1990, com o fim da Velha Ordem Mundial, o movimento ambientalista ganha ainda mais força através da assimilação de novos adeptos, a esquerda. Estes, desiludidos com o fim do socialismo, e vendo o movimento ambiental como uma possível alternativa anticapitalista e antiglobalização somam forças aos tradicionais ambientalistas e transforma o movimento ambiental, para algo mais extremista. Ainda nesta década, ocorrem importantes reuniões como a Eco 92, no Rio de Janeiro, onde é construído um dos documentos mais importantes de uma sociedade que começava realmente a se preocupar com o meio ambiente, a Agenda XXI. Este documento registra sobre vários aspectos quais seriam os compromissos que a humanidade teria com o meio ambiente para o século XXI.
Entretanto, foi na Rio +10, em Johanesburgo, África do Sul, dez anos após a Eco 92 que ficou muito claro para o mundo que dos compromissos assumidos, poucos foram realizados ou mitigados. Grande parte dos princípios ficou muito mais no papel do que nas prática.
Em 2012 haverá na cidade do Rio de Janeiro uma nova conferência mundial sobre o meio ambiente, a Rio +20, dando continuidade as idéias que se iniciaram há vinte anos e culminaram na construção da Agenda XXI. A temática central da conferência é “Crescer, Incluir, Proteger”, ou seja, um objetivo tão grande quanto o tamanho desta conferência global que reúne mais de 100 chefes de Governo e Estado além de mais de 30 mil participantes. Fica a questão, desta reunião obteremos progressos, estagnação ou ainda mais retrocessos?

Um comentário:

  1. Como se chama esta reunião mesmo? Rio +20, estranho mais me parece um retrocesso da Eco 92. Não poderíamos chamá-la de Rio -20? Acredito que este nome seria mais coerente para o resultado do evento.

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